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Prevalência de Salmonella Typhimurium variante Monofásica nas Principais Regiões Produtoras de suíno do Brasil.
Manuela Maria Cavalcante Granja¹, Geísa Pinheiro Paes¹, Jefferson Viktor de Paula Barros Baêta¹, Thais Viana Fialho Martins¹, Guilherme Sávio de Barros Vasconcelos¹, Lucas Santos*¹, Daniel Lúcio dos Santos¹, Walter Vieira Guimarães¹, José Lúcio dos Santos¹
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¹MICROVET - Microbiologia Veterinária Especial,Viçosa, Minas Gerais - BR. *Autor para correspondência: lucas@microvet.com.br
Palavras-chave: Salmonelose, segurança alimentar, suinocultura
Introdução
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A suinocultura brasileira destaca-se mundialmente, com mais de 90% da produção nacional concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Apesar dos avanços em biosseguridade e manejo sanitário, infecções por Salmonella sp. seguem como importantes desafios à cadeia produtiva e à saúde pública. Entre os mais de 2.600 sorovares descritos, o Typhimurium e a variante monofásica (1,4,[5],12:i:-) é amplamente identificado em suínos, sendo relevante na transmissão alimentar zoonótica. A variante monofásica tem apresentado aumento global em sua frequência, associada à multirresistência a antimicrobianos (Carneiro, 2024), e é responsável por quadros clínicos em suínos nas fases de creche e crescimento, incluindo enterocolites e septicemias. A alta taxa de isolamento em carcaças, linfonodos e subprodutos indica ampla disseminação desde a granja até o produto final (Possebon et al., 2022; Pisseti et al., 2022). A presença de genes de virulência e resistência a antimicrobianos, como tetraciclinas, aminoglicosídeos e sulfonamidas, ressalta a necessidade de estratégias de controle integradas, considerando a persistência ambiental da bactéria e seu risco contínuo à saúde animal, humana e à segurança alimentar (Almeida et al., 2016).
Material e métodos
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Entre os anos de 2021 e maio de 2025 foram coletados de órgãos dos sistemas entérico, hepato biliar e respiratório de suínos das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil, sendo encaminhadas ao Laboratório de Diagnóstico Veterinário da MicroVet para avaliação. O isolamento de Salmonella sp. foi confirmado por espectrometria de massas utilizando MALDI BioTyper. O sorovar das Salmonellas sp. isoladas foi determinado através de sorologia convencional e PCR com primers específicos. Através desses dados foi realizada uma análise da frequência de isolamentos de Salmonella Typhimurium e suas variantes monofásicas por região, tipo de amostra (entérica e respiratória) nos últimos 5 anos.
Resultados e discussão
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Nos últimos cinco anos, a vigilância epidemiológica da salmonelose suína no Brasil revelou mudanças significativas na ocorrência do sorovar Salmonella Typhimurium, com destaque para o aumento da variante monofásica (1,4,[5],12:i:-), reconhecida como emergente na cadeia de produção suinícola. Notavelmente, a variante Typhimurium monofásica representou 99,7% dos isolamentos, evidenciando seu predomínio nas amostras clínicas analisadas (Tabela 1). Em relação ao período avaliado, os dados analisados revelam uma tendência de decréscimo na frequência de isolamentos de Salmonella Typhimurium, com o pico de ocorrência em 2021, ano em que o sorovar foi responsável por 43,4% dos isolados identificados em suínos, decaindo significativamente até atingir 15,2% em 2024 e 1,40% em maio de 2025 (Tabela 1).
A distribuição geográfica dos isolados mostra uma concentração regional, com a região Sul respondendo por 72,8% dos casos, seguida pelas regiões Sudeste (14,5%) e Centro-Oeste (12,7%) (Tabela 2). Esse padrão acompanha o perfil produtivo nacional, no qual o Sul se destaca como principal polo da suinocultura brasileira, mas também pode refletir diferenças regionais nas estratégias de biosseguridade, densidade populacional e sistemas de produção. Na região Sul, a prevalência de Salmonella Typhimurium em carcaças e dejetos suínos chega a 30% em alguns abatedouros, com uma proporção crescente da variante monofásica associada à multirresistência antimicrobiana (Pisseti et al., 2022). Na região Sudeste, observa-se padrão semelhante de sorovares, especialmente em estabelecimentos integrados à cadeia agroindustrial (Possebon et al., 2020). Já no Centro-Oeste, estudos apontam frequência relevante de Typhimurium e Derby, com implicações para a vigilância sanitária regional (Pisseti et al., 2022).
Quanto ao tipo de amostra, a maior prevalência de isolamentos foi em órgãos entéricos (69,3%), os quais revelaram 99% de predominância da variante monofásica de Typhimurium (1,4[5],12:i:-) (Tabela 1). Enquanto que e em órgãos hepato biliares a prevalência foi de 6,42%. A predominância de isolamentos em órgãos entéricos reforça a associação do sorovar Typhimurium com o trato gastrointestinal e sua importância como contaminante alimentar (Seribelli et al., 2021; Bessa et al., 2019). Contudo, a detecção e respiratórios (23,9%), majoritariamente da variante monofásica (97,7%), indica possível disseminação sistêmica da bactéria, alinhando-se a relatos recentes de isolamentos extraintestinais em suínos sintomáticos ou coinfectados (Da Silva et al., 2021).
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Conclusões
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Esse cenário demonstra a consolidação da variante monofásica de Salmonella Typhimurium (1,4[5],12:i:-) como agente dominante na suinocultura nacional, com ampla distribuição geográfica e potencial patogênico não restrito ao trato gastrointestinal. Tais características ressaltam a importância de estratégias integradas de vigilância, diagnóstico e medidas preventivas como a utilização de vacinas autógenas, visando mitigar riscos à saúde animal, humana e à segurança alimentar.
Referências
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Almeida, F. et al. Virulenceâassociated genes, antimicrobial resistance and molecular typing of Salmonella Typhimurium strains isolated from swine from 2000 to 2012 in Brazil. Journal of Applied Microbiology, v. 120, n. 6, p. 1677-1690, 2016.
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Bessa, M.C. el al. Prevalência de Salmonella sp em suínos abatidos em frigoríficos do Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 24, p. 80-84, 2004.
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Carneiro, A.M. Detecção de genes de resistência a fármacos antimicrobianos em genomas de Salmonella Typhimurium e variantes monofásicas. 2024.
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Da Silva, D.G. et al. Use of organic acids to reduce Salmonella Typhimurium excretion in swine. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 60, p. e198402-e198402, 2023.
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Seribelli, A.AP et al. Insights about the epidemiology of Salmonella Typhimurium isolates from different sources in Brazil using comparative genomics. Gut Pathogens, v. 13, n. 1, p. 27, 2021.
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Pissetti, C. et al. Critically Important Antimicrobial Resistance Trends in Salmonella Derby and Salmonella Typhimurium Isolated from the Pork Production Chain in Brazil: A 16-Year Period. Pathogens, v. 11, n. 8, p. 905, 2022.
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Possebon, F.S. et al. Prevalence, antibiotic resistance, PFGE and MLST characterization of Salmonella in swine mesenteric lymph nodes. Preventive Veterinary Medicine, v. 179, p. 105024, 2020.
Tabela 1. Relação do tipo amostra com o isolamento de Salmonella Typhimurium em suínos entre 2021 e 2025 nas principais regiões produtoras do Brasil.
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âTabela 2. Quantitativo do isolamento de Salmonella Typhimurium em suínos entre 2021 e 2025 nas principais regiões produtoras do Brasil.














