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Perfil de virulência de cepas de Salmonella Choleraesuis isoladas de suínos em Minas Gerais, Brasil.
Granja MMC¹, Martins TVF¹, Baeta JVPB¹, Paschoalini GP¹, Martins LCA1, Peroni LG¹, Santos LF¹*, Santos DL¹, Guimarães WV¹ & Santos JL¹
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¹MICROVET - Microbiologia Veterinária Especial,Viçosa, Minas Gerais - BR. *Autor para correspondência: lucas@microvet.com.br
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Palavras-chave: Salmonelose; Leitões; Real Time PCR.
Introdução
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A Salmonella é considerada um dos principais patógenos intestinais em suínos (1). A infecção em suínos é preocupante, por dois motivos principais: 1) Ameaça à saúde pública pela contaminação dos produtos de carne suína. 2) Ameaça à saúde animal; principalmente, salmonelose septicêmica associada à Salmonella Choleraesuis que causam perdas econômicas significativas devido ao aumento da mortalidade, retardo do crescimento (2) e custo do tratamento (3). No Brasil, S. Choleraesuis foi um dos sorovares mais isolados em suínos, tendo como característica a sua alta adaptabilidade ao hospedeiro, ultrapassando a barreira intestinal e desenvolvendo doença generalizada grave. Mais de 60 isolados de S. Choleraesuis foram obtidos a partir de surtos de salmonelose suína em 16 sistemas diferentes, distribuídos em quatro estados brasileiros: Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no ano de 2013 (4). Em Salmonella, acredita-se que tal habilidade em se instalar no hospedeiro foi adquirida a partir da transferência horizontal de genes, com eventos de transdução, conjugação ou transformação ao longo de milhões de anos (5). Dentre os fatores de virulência que são mais estudados em Salmonella estão os sistemas de secreção tipo III, as adesinas, as toxinas, os mecanismos de captação de ferro e a resistência ao estresse oxidativo. Esses fatores permitem a invasão de células hospedeiras, evasão do sistema imune e sobrevivência intracelular, contribuindo para a patogenicidade e disseminação da bactéria em diferentes hospedeiros.
O diagnóstico de Salmonella em suínos é crucial para controlar a infecção e reduzir riscos na cadeia produtiva de alimentos. As principais técnicas de diagnóstico incluem métodos microbiológicos, moleculares e sorológicos que permitem caracterizar os isolados. A PCR permite caracterizar os isolados quanto a presença de genes de virulência (6) e o que torna o processo de seleção dos isolados mais assertivo para a produção de vacinas autógenas. Portanto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar os isolados de Salmonella Choleraesuis oriundos de suínos de creche, baseado na detecção de genes de virulência.
Material e métodos
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Um total de 16 cepas de Salmonella sorovar Choleraesuis isolados entre 2023 e 2024 de uma mesma propriedade em Minas Gerais, Brasil foram selecionadas para análise quanto ao perfil de virulência. As 16 cepas de Salmonella foram analisadas, primeiramente, por Espectrometria de Massas (MALDI-TOF) no laboratório de diagnóstico da MicroVet para confirmação do agente e após essa confirmação, as amostras foram submetidas à extração de DNA para o ensaio de PCR. A reação de Real Time PCR foi realizada com Sybr, avaliando-se os cycle threshold (Ct), além de verificar as temperaturas de melting (TM). O perfil foi estabelecido baseado na detecção de 17 genes distribuídos em seis categorias: 1) Adesão (n=3); B) Modulação do Sistema Imune (n=8); C) Enterotoxina (n=1); D) Sobrevivência Intracelular (n=3); E) Aquisição de Nutrientes (n=1); e F) Regulação de Sinalização (n=1).
Resultados e discussão
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Todas as 16 cepas de Salmonella foram rastreadas por PCR em Tempo Real para identificação de genes associados à virulência. As seis categorias envolvidas na virulência de Salmonella spp. foram observadas em 100% das cepas, porém com variação do conteúdo gênico entre elas (Tabela 1). Em relação a categoria adesão (AD), os três genes foram observados nas 16 amostras de Salmonella Choleraesuis. Já em relação a categoria Modulação do Sistema Imune (MDI), 75% dos genes foram observados em 100% das cepas, sendo apenas dois genes diferenciais. Em relação à categoria de sobrevivência intracelular (SI) também foi observado a diferenciação entre cepas e as amostras AM5, AM7 e AM8 apresentaram 66.6% dos genes. Os genes das demais categorias: Enterotoxina (ETX), Aquisição de Nutrientes (AN) e Regulação de Sinalização (RS) foram presentes em 100% das cepas. Nesta análise foram identificados três perfis de virulência diferentes: 1) AM3; 2) AM5 e AM8 e 3) AM7. Nenhuma das cepas possuiu todos os genes investigados.
O sorovar Choleraesuis é relatado em muitos surtos de salmonelose em suínos. A Salmonella evoluiu utilizando uma variedade de fatores de virulência e outras adaptações celulares para colonizar, invadir e contornar os mecanismos de defesa gastrointestinal do hospedeiro (7). A diferenciação gênica entre cepas de Salmonella gera variabilidade genética, influenciando os mecanismos de escape do sistema imunológico do hospedeiro e agravando a doença. Mesmo em um plantel de animais vacinados, a comunidade bacteriana pode sofrer pressão seletiva e a interação com outras espécies geneticamente relacionadas pode resultar na aquisição de novos genes de virulência, aumentando a adaptabilidade e superando as defesas do hospedeiro (5). Diante desse cenário, é essencial garantir a saúde do plantel de suínos utilizando estratégias para mitigar a dinâmica de virulência desses patógenos, como a utilização de vacinas autógenas.
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Conclusões
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Foi observado a existência de três perfis de virulência entre 16 cepas de Salmonella Choleraesuis isoladas de uma mesma propriedade de suínos em Minas Gerais, Brasil. As cepas apresentaram genes diferenciais em duas categorias: Modulação do sistema imune e Sobrevivência intracelular. A pressão seletiva de Salmonella no ambiente leva a surtos devido a diferenciação do perfil de virulência das cepas, o que reforça a importância do uso e constante atualização de vacinas autógenas na propriedade.
Referências
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(1) BELLIDO-CARRERAS, Natividad et al. Salmonella Typhimurium infection along the porcine gastrointestinal tract and associated lymphoid tissues. Veterinary pathology, v. 56, n. 5, p. 681-690, 2019.
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(2) FARZAN, A; FRIENDSHIP, R.M. A clinical field trial to evaluate the efficacy of vaccination in controlling Salmonella infection and the association of Salmonella-shedding and weight gain in pigs. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 74, n. 4, p. 258-263, 2010.
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(3) OJHA, S.; KOSTRZYNSKA, M. Approaches for reducing Salmonella in pork production. Journal of food protection, v. 70, n. 11, p. 2676-2694, 2007.
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(4) VANUCCI, F.A et al. Retrospctive study and antimicrobial susceptibilites os S. entérica serovar choleraesuis isolated from swine salmonellosis outbreaks during 2013 in Brazil. In: IPVS CONGRESS. Proceedings of the 23th international pig veterinary society (IPVS) Congress. p. 269, 2014.
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(5) CONNER, C.P. et al. Differential patterns of acquired virulence genes distinguish Salmonella strains. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 95, n. 8, p. 4641-4645, 1998.
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(6) HASSENA, A.B. et al. Real time PCR gene profiling and detection of Salmonella using a novel target: the siiA gene. Journal of microbiological methods, v. 109, p. 9-15, 2015.
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(7) JAJERE, S. M. A review of Salmonella enterica with particular focus on the pathogenicity and virulence factors, host specificity and antimicrobial resistance including multidrug resistance. Veterinary world, v. 12, n. 4, p. 504, 2019. (7) HEIM, G. et al. Effects of cross-fostering within 24h after birth on pre-weaning behaviour, growth performance and survival rate of biological and adopted piglets.
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Tabela 1: Perfil de virulência obtido por PCR em Tempo Real de 16 cepas de Salmonella choleraesuis isoladas de suínos em uma mesma propriedade em Minas Gerais, Brasil.
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